Audiência pública debate inclusão de famílias neurodivergentes
Na noite da última segunda-feira, 28 de abril, a Câmara Municipal de Araucária foi palco de uma audiência pública com o tema “Famílias neurodivergentes: desafios e estratégias de apoio”, reunindo autoridades, profissionais da saúde, educação, assistência social e representantes da sociedade civil. O evento foi uma oportunidade para dar visibilidade às demandas das famílias atípicas e propor caminhos para políticas públicas mais eficazes, humanas e integradas.
A mesa de autoridades foi composta pelo prefeito Gustavo Botogoski, pela vice-prefeita e secretária de Educação Tatiana Assuiti, pela secretária de Saúde Renata Botogoski, pela secretária de Assistência Social Amanda Nassar, pelo coordenador do Centro de Especialidade Terapêutica (CET) Adriano Strugala e pela doutora em Ciências da Educação Monaliza Ehlke Haddad.
A audiência foi proposta pelos vereadores Pastor Castilhos e Paulinho Cabelereiro, que destacou que a iniciativa nasceu do contato direto com as famílias e da necessidade de compreender, de forma mais profunda, a realidade enfrentada por elas. "Percebi que antes de criar qualquer projeto de lei, era preciso ouvir. Esta audiência é um espaço de escuta para que possamos construir algo que realmente faça diferença", afirmou.
Durante a audiência, autoridades e participantes reforçaram que a inclusão vai além do diagnóstico e do acesso aos serviços. Envolve o acolhimento das famílias, a capacitação dos profissionais, a estrutura da rede pública e a conscientização de toda a sociedade.
O prefeito Gustavo Botogoski destacou a importância da empatia e do aprendizado contínuo: "Não temos uma fórmula pronta. Precisamos construir juntos: sociedade, especialistas e poder público."
A vice-prefeita e secretária de Educação, Tatiana Assuiti, enfatizou o papel da rede de ensino na inclusão digna e no cuidado com cada criança. A secretária de Saúde, Renata Botogoski, reforçou a necessidade de diagnóstico precoce e da integração entre especialidades. Já a secretária de Assistência Social, Amanda Nassar, ressaltou que toda política pública comprometida com a transformação da realidade já representa um avanço significativo para as famílias.
A doutora Monaliza Haddad trouxe à tona a importância da escuta ativa, do apoio familiar e da formação de redes de atendimento especializadas: “Nenhuma política pública será realmente efetiva se não for construída com as famílias e para as famílias.”
Durante o uso da tribuna, pais, mães, profissionais e representantes de instituições compartilharam relatos emocionantes e reflexões sobre a realidade do cuidado com crianças e jovens neurodivergentes em Araucária. Entre os temas abordados estiveram a dificuldade no acesso ao diagnóstico, a falta de integração entre os sistemas municipal e estadual, a carência de profissionais especializados e a necessidade urgente de estruturação de espaços de acolhimento, orientação e lazer adaptado.
A advogada Marjorie Ferreira, da Comissão de Direitos dos Autistas da OAB/PR, defendeu a criação de um plano de ação municipal, com a integração entre secretarias, implantação de salas sensoriais, capacitação de cuidadores e profissionais de apoio, e mais estrutura para as famílias.
Ao final da audiência, todas as autoridades presentes reforçaram o compromisso de dar continuidade às discussões e transformar as demandas apresentadas em ações concretas. A Câmara, por sua vez, reafirma seu papel de espaço democrático, de escuta e articulação para que as famílias neurodivergentes de Araucária tenham voz, vez e acolhimento nas políticas públicas do município.